O prédio histórico da Casa do Estudante do Rio Grande do Norte, localizado na praça Coronel Lins Caldas, Cidade Alta, foi batizado de Emmanuel Bezerra dos Santos, nome do ex-estudante que presidiu a Casa antes de ser assassinado pelos militares em 1973.
(VÍDEO MOSTRA MOMENTO DA HONENAGEM )
O anúncio oficial aconteceu neste domingo (31) na própria sede da Casa. A data coincide com os 55 anos do golpe militar de 1964. Na ocasião, a governadora Fátima Bezerra inaugurou ao lado do prefeito de Natal, Álvaro Dias, de forma simbólica denominando o espaço de 'Casa do Estudabte Emannuel Bezerra dos Santos'.
A governadora ainda anunciou qua a Casa será sede da Secretaria das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, que manterá o caráter de residência estudantil.
O projeto de Lei que cria a pasta está tramitando na Assembleia Legislativa desde fevereiro.
Um grupo de trabalho está finalizando o projeto, que ainda deve incluir um Memorial da Juventude para relembrar personagens históricos importantes para a democracia brasileira que lutaram contra a ditadura militar no Estado.
A Casa do Estudante está sob intervenção judicial desde outubro de 2018 a pedido do Ministério Público Estadual.
Emmanuel era natural de São Bento do Norte. Quando veio para Natal em 1961, passou a estudar no colégio Atheneu e morou na Casa do Estudante. Com outros colegas, fundou na escola o jornal O Realista, que denunciava as injustiças e a miséria da época. Já durante a ditadura, fundou “O Jornal do Povo”, publicação libertária com distribuição em vários municípios do Estado.
A atividade política de Emmanuel se intensifica a partir da segunda metade dos anos 1960, quando passa a integrar o Partido Comunista Brasileiro (PCB), sendo um dos principais articuladores e teóricos da Luta Interna na sigla. Ele só deixa o PCB em 1967 para incorporar-se no Partido Comunista Revolucionário (PCR).
Com a edição do temido Ato Institucional no. 5, em 1968, Emmanuel é preso pela primeira vez, em dezembro de 1968. Julgado e condenado por um tribunal militar, cumpriu a pena até outubro de 1969 em quartéis do Exército, Distrito Policial e finalmente na Base Naval de Natal.
Libertado, o estudante vai para a clandestinidade onde atuou politicamente (já como dirigente nacional do seu partido) nos Estados de Pernambuco e Alagoas. Nesse período, realizou viagens para o Chile e Argentina em missão do partido, buscando aglutinar exilados brasileiros à luta em desenvolvimento no país. Além de militante político, Emmanuel era uma pessoa voltada para a arte e cultura, tendo participado dos movimentos artísticos desenrolados na capital Natal.
Emmanuel seria preso novamente em 4 de setembro de 1973, às 8h30, no Largo da Moema, São Paulo, quando voltava de uma viagem no exterior.
Conduzido para o DOI-CODI do II Exército, foi torturado brutalmente até a morte, junto com o seu companheiro Manoel Lisboa de Moura, preso em 17 de agosto em Recife. A necrópsia foi realizada pelo legista Harry Shibata, que não detectou sinais de violência.
Em fotografia recuperada pelas entidades de direitos humanos, porém, fica evidenciada a violência sofrida por Emmanuel: seu olho esquerdo ficou visivelmente inchado, seus lábios também estavam intumescidos, a testa apresentava ferimentos, a base do seu nariz estava quebrada, o lábio inferior foi cortado e em volta do seu pescoço desenha-se um colar de morte, como se tivesse sido feito a fogo. Emannuel foi sepultado, ao lado de Manuel Lisboa, no cemitério de Campo Grande, como indigente.
Ao lado do prefeito Álvaro Dias, governadora Fátima Bezerra denomina de Emannuel Bezerra prédio da Casa do Estudante publicado primeiro em: http://talesvale.blogspot.com
No comments:
Post a Comment