Wednesday, June 12, 2019

Artistas lançam manifesto pela valorização da arte produzida em Natal


Manifesto pela valorização da produção artística de Natal

Existe uma celebre frase lançada por Câmara Cascudo que diz “Natal não consagra nem desconsagra ninguém”. Hoje, em 2019, é preciso pensar o sentido dessa frase. Primeiramente, desnaturalizar essa afirmação cascudiana. A cidade não é uma entidade autônoma e por si só não é a causa sobrenatural da falta de visibilidade dos artistas que circulam e batalham por sua arte na cidade. É preciso pensar os motivos de termos que sempre estar discutindo esse ditado que persiste no imaginário da cultura potiguar.

Não é por falta de qualidade, longe disso, pois possuímos inúmeros artistas com enorme produção nas mais variadas estéticas e linguagens. Então, o que seria? Essa semana foi divulgado o valor dos cachês pagos para as atrações “nacionais” do São João em Natal. Primeiro, não se trata de um debate antagônico entre artistas “locais” e “nacionais”, precisamos superar a superficialidade deste debate.

A questão fundamental gira em torno da visão de política pública para o fomento da produção artística potiguar que queremos construir. Para exercício de comparação, para o edital de Ocupação artística do Beco da Lama no Centro Histórico de Natal, lançado recentemente pela Prefeitura do Natal, foi destinado cerca de R$ 198,4 mil para 81 apresentações de 23 artistas potiguares. No São João de Natal, apenas a apresentação da dupla Simone e Simaria custará aos cofres públicos R$ 350 mil para a realização de um show de 1h30 de duração. Ao todo, os valores dos cachês para 16 artistas “nacionais” chegarão a R$ 1,194 milhão.

Enquanto isso, outros artistas potiguares receberão, alguns R$ 3 mil, R$ 5 mil, outros R$ 6 mil, ou seja, somente o cachê de uma atração “nacional” do São João de Natal equivale a quase 90 vezes o valor de um cachê, em média, do artista potiguar e quase o dobro do valor de um edital de ocupação do Centro Histórico da cidade pensado para 81 apresentações de 23 artistas. Por que tamanha discrepância nos valores? Afinal, qual o valor da arte produzida em nossa cidade?

Causa estranheza o gasto da Prefeitura de mais de um milhão de reais com artistas “nacionais” no São João, quando boa parte dos cachês dos artistas potiguares que se apresentaram durante o Carnaval deste ano ainda não foi paga.

Natal tem consagrado inúmeros artistas, muito mais pelo esforço individual de cada um e pela possibilidade de se lançar por outras terras, do que pelo apoio ou por iniciativa do poder público que há décadas, funciona dentro de um modus operandi onde o artista potiguar é visto como alguém sem grande valor e com um pires na mão.

É preciso transformar esse modo de pensar a cultura potiguar e valorizar a produção artística feita em nossa cidade.

Podemos ser uma grande potência artística e cultural no Nordeste, basta fomentar e valorizar a arte que é produzida em nossa cidade. O incentivo à cultura em nossa cidade estimula a economia criativa e consequentemente gera retornos a toda uma cadeia produtiva que envolve artistas, produtores, comerciantes e população em geral. Está na hora de mudarmos esse cenário! Acreditamos que a primeira coisa a fazer é colocar o debate público e mobilizar os artistas potiguares.

Assinam artistas e trabalhadores da cultura em busca de diálogo e cooperação pelo fortalecimento da produção artística em nossa cidade.
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Adler Barros - Músico
Alessandro Saraiva – Músico
Alex Cordeiro – Ator
Anna Celina, atriz, palhaça e contadora de histórias
Antônio de Pádua Carvalho de Almeida – Músico e compositor
Bárbara Cristina Nascimento Nunes – Atriz e contadora de história
Beto Vieira – Ator, palhaço e arte educado
Carol Carvalho – Produtora Cultural
Carol Queiroz – Produtora Cultural
Cecí Oliveira – Produtora Cultural
Cibelly Guedes – Música
Clara Pinheiro – Cantora e Compositora
Clotilde Tavares – Escritora
Daniel de Aguiar Rezende – Músico e gestor cultural
Daniela Cruz – Cantora e compositora
Diego José da Silva – Músico
Ênio Cavalcante – Ator
Esso Alencar – Cantor, compositor e músico
Felipe Nunes – Cantor, compositor e músico
Franco Fonseca – Ator
Gustavo Cocentino – Músico e produtor Cultural
Harryson Magalhães – Produtor Cultural
Haylene Dantas – Produtora Cultural
Henrique Fontes – Ator, diretor e dramaturgo
Henrique Lopes – Músico, compositor e produtor Cultural
Jailton Medeiros – Músico
Jeane Ataíde – Gestora Cultural
João Vitor Jardim Lima Carvalho – Cantor, compositor e musicista
José Neto Barbosa – Ator, diretor e dramaturgo
Júlio Lima – Cantor, compositor e músico
Laryssa Costa – Cantora e compositora
Leonardo Costa – Músico e compositor
Luiz Bulhões – Músico
Luiz Gadelha – Cantor, compositor e músico
Marco Antonio da Costa – Músico
Maria de Lia – Atriz e produtora cultural
Mônica Mac Dowell – Produtora cultural
Nara Pessoa – Professora de produção cultural (IFRN) e membro do Conselho Municipal de Cultura
Nathalia Santana – Produtora Cultural
Nelson Rebouças – Produtor Cultural
Netuno Saraiva Leão – Ator e Educador
Pablo Pinheiro – Fotógrafo e Produtor Cultural
Priscila Matos – Cantora, compositora e musicista
Renata Mar – Poeta e Produtora Cultural
Roberta Karin Jardim Lima Carvalho – Cantora, compositora e musicista
Rodrigo Bico – Ator e Produtor Cultural
Silvia Sol – Cantora, compositora e musicista
Simona Talma – Cantora e compositora
Valéria Oliveira – Cantora, compositora e musicista
Zé Caxanga – Cantor, compositor e músico
Zeca Santos – Ator

Artistas lançam manifesto pela valorização da arte produzida em Natal publicado primeiro em: http://talesvale.blogspot.com

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